Santa Terezinha recebe Expedição Araguaia Vivo

Em: 25/01/2022

k

Por: Assessoria de Comunicação

Expedição Araguaia Vivo

Neste mês de janeiro, Santa Terezinha recebeu a Expedição Araguaia Vivo. O projeto tem como objetivo gerar e divulgar conhecimentos capazes de promover a conservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais e a formulação de políticas públicas de proteção do rio Araguaia.

A expedição, realizada num grande barco, é composta por um grupo multidisciplinar de pesquisadores vindos de Brasília. São professores, mestrandos e doutorandos em temas relacionados à biologia, ecologia e meio ambiente. Além de cozinheiro, também conta com parceiros locais que ajudam na organização e na logística da excursão científica.

Confira a entrevista com o professor da Universidade de Brasília (UNB), mestre em biologia e doutor em ciências ambientais, Ludgero Cardoso Galli Vieira, e saiba mais sobre a Expedição Araguaia Vivo.

O que é a Expedição Araguaia Vivo e quais seus principais objetivos?

R – A Expedição Araguaia Vivo faz parte de um grande projeto de pesquisa que envolve toda uma área de restauração das matas ciliares e um estudo para fazer um projeto de monitoramento do rio Araguaia.  A ideia é levantar dados e informações para verificar a ocorrência de espécies microscópicas como zooplâncton e fitoplâncton, bem como de larvas de insetos e plantas aquáticas.

Também estamos avaliando as concentrações de mercúrio no sedimento dos lagos, na água e nos peixes do rio, já que até hoje não existe nenhum estudo sobre concentrações de mercúrio que podem ser acumuladas via natural ou via antrópica (realizada pela ação do homem).

Com essas informações, será possível desenvolver uma proposta para o monitoramento ambiental da qualidade do rio Araguaia.

Onde começou e quanto tempo vai durar a expedição?

R – A expedição começou em Luiz Alves do Araguaia, em Goiás, e terá duração de 15 dias. Vamos descer o rio até o final da Ilha do Bananal, no Tocantins. O último lago a ser pesquisado fica localizado no rio Javaés -TO.  A expectativa é coletar amostras em cem lagos neste período.

O que a expedição pretende pesquisar em Santa Terezinha?

R – O lago de Santa Terezinha está entre esses os 100 que nós estamos avaliando. Aqui, também pesquisaremos a biodiversidade local, as concentrações de mercúrio e a qualidade da água do Rio Araguaia.

Todas as amostras coletadas serão analisadas em laboratório. Porém, algumas variáveis (resultados) já ficam prontas imediatamente, como as que indicam o nível de PH da água, condutividade elétrica, turbidez da água, temperatura e concentração de oxigênio dissolvido.

Outras variáveis que tratam da diversidade de espécies de algas, de zooplâncton (que são organismos microscópios que vivem na coluna da água), das larvas de insetos que vivem nos sedimentos dos lagos e nas raízes das plantas aquáticas, nós levamos para o laboratório, sendo que o processo para identificar todas essas espécies demora quase um ano. 

Ainda não temos uma análise final para divulgar informações sobre Santa Terezinha, mas, assim que possível, queremos compartilhar os dados com todos os parceiros, cidades e prefeituras dos municípios onde passamos para discutir os resultados.

O trabalho não fecha quando a expedição termina, mas quando divulgamos essas informações, principalmente, para os gestores públicos e educadores municipais. Essa é uma parceria que pretendemos estabelecer e aumentar.

Professor Ludgero Cardoso Galli Vieira, da Universidade de Brasília (UNB), fala da Expedição Araguaia Vivo.

Qual a importância do Rio Araguaia?

R – Falar da importância do Araguaia é algo prazeroso! O rio tem 2.115 km de extensão, desde a sua nascente na Serra dos Caiapós, em Goiás. Serve como um grande corredor ecológico, interligando biomas fundamentais para o Brasil.

O Araguaia conecta Pantanal, Cerrado e Amazônia. Então, do ponto de vista ecológico e da conservação da biodiversidade é um rio muito importante. Também tem sua importância econômica, uma vez que a pecuária e a agricultura têm se estabelecido ao longo de sua bacia hidrográfica.

Dentro do bioma Cerrado é o rio com a maior riqueza de espécies. Neste sentido, do ponto de vista social, muitas comunidades, ribeirinhos e barqueiros têm seu sustento graças a quantidade de peixe do rio, que é um dos mais ricos do país.

Nesta bacia hidrográfica também podemos destacar algo extremamente raro nos dias de hoje. O rio Araguaia não tem nenhuma barragem hidrelétrica atrapalhando o seu fluxo natural, ao contrário do rio Tocantins, seu ‘meio-irmão’, que tem várias barragens hidrelétricas.

Além disso, o rio Araguaia ainda mantém seu fluxo natural de cheia e seca, funcionando como um grande pulso de inundação natural, fator que favorece a manutenção de uma vasta riqueza de espécies fantásticas (animais, vegetais, microscópicas e peixes). Ou seja, mesmo com sua grande extensão, ainda consegue manter suas condições naturais o máximo possível. Isso é algo raro de se ver e desperta o maior interesse pela conservação da região.

Para mais informações sobre o projeto, acesse: Araguaia Vivo.

Pular para o conteúdo